Por Adailtom Alves Teixeira
A Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), coletivo que reúne fazedores de teatro de rua de todo o Brasil, surgiu em 2007, em Salvador-BA, no intuito de fortalecer essa modalidade teatral e lutar por políticas públicas de cultura de Estado. A RBTR organiza-se de forma horizontal e tem mantido encontros regulares, ao menos dois por ano. Entre os dias 27 e 30 de agosto estarão reunidos no XIII Encontro em Rio Branco-AC. Os rueiros discutirão sobre as realidades do fazer teatral no Brasil e continuarão aprofundando a discussão sobre políticas públicas para as artes públicas, tema recorrente nos últimos encontros.
A RBTR vem se encontrando de forma autônoma. Os artistas bancam suas passagens e ainda contribuem com um pequeno recurso para o grupo que faz a recepção dos demais rueiros. Neste encontro, quem fará a recepção será o G. E. Vivarte, grupo que tem um trabalho focado na cidade e na floresta, com os povos indígenas – por isso mesmo optou por construir uma maloca, a partir de árvores caídas, para receber os arteiros de todo o Brasil.
Antecedendo o Encontro da RBTR, o Vivarte realizará a I Mostra Área Viva de Teatro de Rua e de Floresta, entre os dias 24 e 27. Muitos artistas irão participar das duas etapas, outros optaram por irem antes, para auxiliar o grupo anfitrião. Na Mostra e no Encontro, não haverá materiais descartáveis e todos levarão redes ou barracas, além de talheres e pratos. Maria Rita Costa da Silva, uma das organizadoras, afirma que "todos são os realizadores da Mostra, afinal estão comprando suas passagens e levando seus espetáculos, sabendo que não terão cachês". No total serão treze espetáculos.
A Mostra e o Encontro são oportunidades para os fazedores intercambiarem experiências, metodologias de trabalho, bem como os processos criativos. São também uma oportunidade de tomarem contato com a realidade da floresta. Quanto aos espetáculos, serão apresentados nas comunidades rurais, que, em geral, não recebem programações culturais, e na área urbana.
Maria Rita afirma que a importância do Encontro ocorrer mais uma vez no Acre (essa é a segunda vez que ocorre por lá) é permitir que os artistas entrem em contato com um Brasil pouco conhecido. Além disso, darão "continuidade à missão da RBTR, através de seus articuladores, que é lutar por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado em todas as instâncias: municípios, estados e União, de forma a garantir o direito à produção e à fruição dos bens culturais por todos os cidadãos brasileiros".
A Mostra será para todos. O objetivo é envolver toda a comunidade. Além de espetáculos haverá oficinas, vivências e debates. Já o Encontro da RBTR ocorre entre os fazedores que discutirão suas realidades e ações futuras da organização.
Maria Rita faz questão de frisar que a Mostra e o Encontro estão sendo realizados a muitas mãos e se diz feliz por fazer parte desse movimento social e comunitário do teatro de rua brasileiro. "Eu já sabia que somos fortes juntos. Mas estando aqui com a mão na massa, correndo atrás de parceiros para ter uma infraestrutura adequada, talvez não como todos merecem, mas a possível, é que vemos como somos o movimento artístico cultural mais importante desse País", afirma.
Os poucos recursos obtidos com o poder público local vieram depois de muita pressão de todos os fazedores do País, como relata Maria Rita: "Recebemos um recurso do Fundo Estadual de Cultura no valor de R$ 21.700,00. Esse foi o único recurso que conseguimos. Detalhe: só conseguimos graças a uma carta de apoio de todos os rueiros do Brasil. Estamos ainda buscando apoio junto a outras instituições, como infraestrutura, mas nada de recurso financeiro. O grande financiador do Encontro e da I Mostra são os articuladores da RBTR. O chapéu está passando!" A afirmação deixa claro que as artes populares ainda estão completamente relegadas ao último plano pelo poder público brasileiro.
Maiores informações: www.blogdovivarte.blogspot.com.
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