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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Protocolo 2 - Encontros da UNESP

Protocolo Grupo de Extensão - Cenas de Rua (encontro de abril). 
            Antes de iniciar o encontro, com as propostas feitas no encontro anterior, foram lidos três poemas  do livro Poemas 1913-1956 de Bertolt Brecht. Foram eles: A máscara do mal, De que serve a bondade e O mostrar tem que ser mostrado.
            Após a leitura dos poemas, iniciou-se o levantamento, para o coletivo, do significado das palavras escolhidas e pesquisadas por integrantes das diversas companhias de teatro ali presentes. As palavras e conceitos foram retiradas de Pequeno Organon para o teatro, de Bertolt Brecht.
            Ao serem apresentadas as etimologias, e seus sentidos conotativos, abria-se uma discussão, com a proposição de analisar o discursos do autor que gerou o verbete, para entender sob qual ponto de vista ele teria construindo seu texto. Tal procedimento evidenciou a impossibilidade de ter um discurso imparcial, destituído de ideologia.[1]
            Patrice Pavis foi bastante citado para elucidar a falta de dialética quanto à apresentação dos significados de seus vocábulos. Por intermédio de cotejo, foi possível constatar, a partir dos verbetes do Dicionário de Teatro (de Pavis), uma descontextualização histórica. A palavra era tomada em si mesma, sem as contextualizações necessárias, desta apreensão foi possível perceber o viés da ideologia hegemônica pairando por sobre os sentidos e as experiências humanas.
Após as discussões acoplaram-se outros significados para os verbetes abordados no começo, buscando, assim, um significado mais dialético, fundamentado em práxis significativas.
            As palavras analisadas foram:
Estupefaciente = entorpecente. Foi lembrado, em cotejo, que o conceito grego de Katharsis refere-se, originalmente, a uma área da medicina que combate focos infecciosos.
Organon - conotação de ferramenta, instrumento. Em nova confrontação, tomando o conceito de poética, em cuja raiz encontra-se a palavra pôiein (que concerne a técnica), decorrendo daí, portanto, o fazer, o trabalho.
Prólogo (do grego) - Pró - anterior, antes, primeiro + logo razão = mediação através da razão, oposto de pathos (sentimento, emoção).
Divertir (do latim) - divertere = apartar-se, separar-se, divorciar-se; distanciar-se. Portanto, etimologicamente, e Brecht utilizou-se do vocábulo neste sentido, divertir pode ser entendido como distanciamento.
Sensaborão - sem sabor = sem senso (sem, ou precária possibilidade de sentir).
Estética = aisthesis [ais = sentidos; thesis = decorrente de algo produzido pelo homem]. Bom lembrar que o conceito surge, do modo como o conhecemos nos dias de hoje, no século XVII, referindo-se à ciência do belo. 
Apodar = tornar alguém ridículo, julgar, calcular.
Burguês - Individuo que detém os meios de produção, compra a força de trabalho do proletariado e o explora.
            Devido à falta de tempo, não foi possível elucidar todas as palavras estipuladas no encontro anterior, sendo assim apenas duas Companhias mostraram seus verbetes: A Brava Companhia e a Companhia Estável. De qualquer modo, o trabalho de pesquisa das outras palavras seriam passadas entre os participantes do grupo de estudos.
            Durante o encontro, decorrente de especulações, necessidades e contraposições, foram citadas, na condição de bibliografia, os seguintes títulos: Raymond Williams. Palavras Chaves. São Paulo: Boitempo Editorial. 2007; Bertolt Brecht. Poemas 1913 1956. São Paulo: Editora 34, 2003; Friedrich Engels. Dialética da Natureza. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1979; Waldenyr Caldas. Uma Utopia do Gosto. São Paulo: Brasiliense. 2009.
            Decidiu-se que no próximo encontro seriam discutidos os textos: Cenas de Rua de Bertolt Brecht e o Autor como Produtor de Walter Benjamim.


[1] Sistema de crenças e convicções; mascaramento da realidade que permite a legitimação da exploração e da dominação. (CHAUÍ, Marilene. O que é Ideologia? São Paulo: Brasiliense.)

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