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terça-feira, 17 de abril de 2012

Memorial da zona leste - ata


Ata da reunião "Que museu/memorial queremos na Zona Leste"realizada no dia 31 de março de 2012 às 9h no salão da Igreja São Francisco de Assis. A reunião iniciou-se  com apresentação pessoal dos presentes e foi dirigida por Danilo Morcelli.
Na primeira parte, perguntou-se aos presentes a concepção de cada um do que seria memória e história com as seguintes respostas: O futuro se faz da história em se preservar um legado para o futuro; memória e história como iguais pois ambas envolvem o registro; a cultura é fincada em sua história ou memória, sendo complementares; a partir de cartas, postais, vídeos, objetos pessoais é possível construir um memorial que também faz parte da história de uma família por exemplo; os moradores do CDHU do Itaim fizeram um memorial dos mutirões de moradia para fortalecer sua história; A história é produzida por um olhar, que registra a visão de alguém, muitas vezes da visão dominante, já a memória está relacionada aos subalternos, que não puderam escrever oficialmente sua história, como por exemplo a Igreja do Rosário dos Homens Pretos na Penha, a elite apagou da história os negros da região, mas a memória tem como papel resgatar as visões do que foram apagados pela história.

Na parte seguinte, Danilo Morcelli trouxe algumas diferenciações sobre história e memória. A História é leitura oficial, a história da zona leste documental. A memória tira as impressões e fatos marcantes. Isso influencia a diferença entre museu,  memorial e centro cultural. O museu concebe a história documental, o memorial constitui a visão de grupos, comunidades, suas experiências. Já um centro cultural estaria relacionados a eventos e não tanto para a história e memória. Foi discutido o exemplo do memorial da América Latina que teve o espaço de memória dos povos latino-americanos esvaziados, atualmente é mais concebido como um lugar de eventos e que não resgata de forma satisfatória a memória ou história da América Latina. Chegou-se  à conclusão de que não é esse tipo de memorial que gostaríamos na zona leste.
Na terceira parte, foram levantadas várias propostas que gostaríamos de ver representadas em um museu/memorial da zona leste.
- Como evocar a memória da "pré-história", isto é, dos povos indígenas que aqui habitavam antes da colonização europeia, como trazer a memória do subalterno (conforme Dussel)
-Contemplar a história das ocupações
-Pensar na memória como Bioma, por exemplo, os nordestinos que aqui habitam e a natureza que o representa, que remete a sua realidade.
- Um espaço que remeta à pré-história | índio | colonizador | africano | imigrante | migrante | esperança. Que não tivesse o aspecto apenas de museu olhando apenas pro passado, mas que olhasse para frente em esperança
- que fosse um espaço de socialização para as escolas da região, em que fosse aberto para visitações diárias e os estudantes fossem imergidos na história/memória da zona leste
- geografia: onde estavam/estão os indígenas? As rotas dos escravos, quais africanos? Os imigrantes e migrantes?
- os vestígios arqueológicos indígenas que foram perdidos?
- resgatar a história dos subalternos: dos negros, dos mascates que trabalhavam em São Paulo
-contemplar o eixo do Rio Tietê, incluir Guarulhos como parte de nossa história. A subdivisão territorial atual não corresponde à divisão da memória dos habitantes da zona leste.
-buscar mapas, mostrar onde estão os grupos, relacionar a zona leste com a região, cidade, país.
-resgatar as histórias como o história do Toco com a cruz preta, história de Dom Angélico e o jornal Grita Povo, fotos pessoais, personagens da zona leste
-resgatar a cultura popular dos diferentes bairros como por exemplo: a praça do forró em São Miguel, a festa de 1º de maio em Ermelino,  folias de Reis em Vila Dalila, festas juninas, Festa do Divino . O sincretismo religioso de festas: candomblé, católico, evangélico, etc.
- Um museu que tenha a esperança, resgatar a  memória para esperança no futuro
Alguns encaminhamentos:
- Formar um centro de memória da Zona Leste independente do memorial, constituir um lugar de troca e interação. Criara referência do passado, a identidade dos diferentes grupos. Exemplo: invocar as referências das comunidades:, como foram constituídas, importância do social para trabalho com jovens em conflitos com a lei, cada ocupação, comunidade tem uma história singular que precisa ser preservada.
-Resgatar o orgulho de morar na zona leste, apegar-se à história, de como foi no passado.
- Livros sobre a história para ser entregues no memorial
- Memorial público com gestão participativa da comunidade da zona leste.
* PRÓXIMA REUNIÃO SOBRE A MEMÓRIA NA ZONA LESTE: 18 de abril às 18,00 horas, no Salão da Igreja São Francisco de Assis, Rua Miguel Rachid, 997, Ermelino Matarazo.

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