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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Texto para animar a discussão da formação Escambo

A EDUCAÇÃO POPULAR TECENDO TRILHAS DE REENCONTROS PELOS CAMINHOS DO SERTÃO: o movimento Escambo construindo ação-reflexão – ação


Esse é um tempo de reencontros mediados pela energia da criança que nos flexibiliza para o diálogo franco e criativo. É um tempo de embrenhar-se nas estradas do sertão e encontrar reencontrar tantos rostos, corpos, tantos seres!

Os movimentos nos levam por estradas ermas e terras marcadas pela secura da estiagem em maio das quais é possível encontrar oásis de fartura, de verdura, de águas doces e puras.  As emoções afloram e trazem lembranças de uma história de luta e resistência, construção coletiva que começa há 22 anos. Lembranças que se revolvem no baú das nossas mentes e se corporificam, se vivificam. É muita boniteza, como nos dizia Freire, o encontro com os companheiros, e mais bonito ainda, perceber que os laços que tecemos desceram às profundezas da terra com raízes tão profundas que sustentam as intempéries da secura nordestina, sertaneja.


Secura se cura com água e amor

Saudade não se cura.....


Já nos dizia Junio Santos.  Assim meus pés se fincam na areia grossa e as mãos mergulham no espelho de águas cristalinas que revela as marcas dessa construção singular e polifônica, desse canto ao mesmo tempo uno e coletivo.

Ousamos pois debruçar-nos sobre o vivido para apreender e visibilizar esse saber de experiência feito por tantas mulheres e homens de todas as idades.

Sim vamos conjugar o verbo esperançar porque é hora de assumir o compromisso não só com a luta mas com a conquista; com o sonho e o caminhar coletivo dessa marcha-dança  com pausa para uma respiração profunda que realimenta corpos, mentes e espíritos de tantas idades e experiências.

Refletir sobre o caminho, os caminhos que trilhamos. Debruçar-nos sobre a história para nutrir-se de esperança e conjugar o verbo esperançar em coros, cortejos, dança, percussão e poesia, cenopoesia, que faz o coração bater mais forte e rebumba fundo buscando um ritmo comum para nos conectar com o coração da nossa Mãe Terra; que promove o diálogo possibilidade de comprometer-nos com a incerteza do certo ou errado mas com a possibilidade de nos percebermos sujeitos da construção de nossa história assumindo a autoralidade do conhecimento que produzimos a partir da nossa experiência, da nossa arte, da nossa vida coletiva nesse movimento que se expande,se entranha e nos impulsiona a ser mais.

Os questionamentos chegam para que a problematização possa fazer emergir a consciência crítica que amplia nosso olhar e percebendo as situações-limite do cotidiano, construir o inédito viável.

Como caminhar olhando para o outro e para outra sem perder a essência? Mas qual a essência do nosso caminhar?  Como manter a magia, o encantamento que nos une amorosamente? Como manter a luta viva e o sentido profundo de solidariedade que sempre permeou esse movimento?

As perguntas geram outras e outras mais  e assim seguimos aprendendo uns com os outros fazendo o caminho no caminho e sempre estimulando essa curiosidade  de compreender  e lutar contra o que gera opressão.

Assim, à sombra das mangueiras que nos acolheram e cuidaram, trago a minha gratidão a cada um e cada uma que se fazem mestres e nos ajudam a caminhar; a Paulo Freire que nos ensinou a aprender a aprender; e a esse movimento de luta e resistência com o qual me comprometo pra seguirmos juntos.

                                  

Vera Dantas

Felipe Guerra,  RN, 01/12/2013



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