O Movimento Popular Escambo de Rua representado pelos grupos Ciranduís de Janduís-RN, Arte e Riso de Umarizal-RN, La Trupe de Natal-RN, Cervantes do Brasil de Icapuí-CE, Pintou Melodia na Poesia de Maranguape-CE, Cavalheiros da Dama Pobreza de Fortaleza e o Circo Além da Lona de Campinas-SP teve a honta e o prazer de viver de forma intensa o 8 FESTIVAL DE TEATRO DE RECIFE DO RECIFE que contou ainda com a participação de grupos de João Pessoa-PB, a Cia UmPéDeDois de Porto Alegre e os hermanos do Circo V da Argentina, varios grupos de pernambuco e por três dias a convivência com o Mestre dos Mestres o companheiro AMIR HADDAD.
Sentimos nessa intensa semana de teatro que esse festival é vivo, resistente e rompe com a visão centralizadora desse estado caótico e doente que investe milhões de reais em grandes eventos internacionais que se transformam em eventos que somem, que não integram e que não circulam por onde estão aqueles e aquelas que não tem acesso nenhum a arte.
No Recife, com apenas promessas de R$ 25.000,00 sendo 15 da prefeitura e 10 do estado e sem a participação da FUNARTE que desconhece um festival que desde 2003 é realizado e que já sediou um encontro da rede brasileira de teatro de rua, não destinou nada, nem o que havia sido acertado verbalmente com os que fazem o festival de recife. Mais um absurdo dessa maquina enferrujada que privilegia, como sempre privilegiou os governantes burgueses do passado fechados em seus supermercados culturais se apresentando para uma elite escolhida a dedo.
Só nos resta continuar perguntando. Pra que serve então um governo que se diz popular???
Esse foi o mote do festival. Os grupos se apresentavam na parte da tarde no Largo do Carmo com uma roda com cerca de 1000 pessoas e a noite na frente das pequenas casas da intensa e descuidada periferia do Recife e sempre o povo perguntava, questionava e reclamava pela quantia tão pequena dos 'DITOS APOIOS" e pela falta de participação do Governo Federal.
Mais as coisas aconteceram numa boa. Nos hospedamos na casa do Alexandre Menezes, um dormindo por cima do outro e cada um fazendo sua parte na limpeza, na alimentação (que teve a participação efetiva de sua mãe) e se articulando e vivendo com o povo da comunidade de Guabiraba. Nenhum frio hotel do centro nos propocionaria uma hospedagem tão quente, tão humana, tão satisfatória.
Os espetáculos são outro capitulo.
o Pédedois de Porto Alegre ABRIU o festival no Largo do Carmo com o fantástico Homem Bomba. Foi uma loucura. O Mauro brincou com o público, fez a roda se movimentar de um canto para outro e o público reagiu interagindo, contribuindo e parabenizando esse maravilhoso artista de rua. Na comunidade junto com a Mari as coisas se repetiram e sairam do Recife deixando saudades e fortalecendo o mais resistente e consistente festival de teatro de rua do Brasil.
O Circo V não necessita de comentário. Continua, cada vez mais afinado, não somente na cena mais também no debate, nas rodas de conversas, na postura revolucionária de um artista de rua.
Não posso falar sobre o grupo de João Pessoa porque não deu prqa assistir. Era gente demais na arena e tive que ceder meu lugar para aqueles que estavam tendo o privilegio de (muitos) pela primeira vez está assistindo a tantos espetáculos de rua.
Os do Escambo cumpriram com a missão. Fuxiqueiro do Ciranduís com quase 300 apresentações tomou conta da roda, mexeu e atiçou o público e assim como Arte e Riso de Umarizal saiu da roda sob aplausos imensos da plateia.
La Trupe desmanchou o Alice e Severino e deu voz e corpo para a criançada e bebado da comunidade que tomaram de conta do espetáculo. Há muito esse povo já sabe que o espetáculo que chega a rua pode não ser o mesmo quando começa. Isso aconteceu e foi o grande barato. Pior ficou pra o VEM CÁ VEM VER, pois após o espetáculo a meninada caiu em cima do Alexandre cobrando a realização de uma oficina de teatro urgente. No proximo festival com certeza teremos mais um grupo da Guabiraba no 9 Festival.
Os grupos do Recife brincaram pra valer. Fizeram a festa popular que sabem fazer. É bom vê-los em cena e ver a presença de tantos mestres populares nas cantigas, nas danças, no gingado. O melhor de tudo porem foi a forma com que nos receberam, abrindo a porta da casa e do coração, nos dedicando uma atenção por tempo integral, além dos abraços e lágrimas na despedida.
O Amir Haddad não nos deixa com palavras suficientes pra falar sobre sua participação. Ele consegue nos envolver com sua magia cigana de rua. Ele fala com carinho aquilo que temos vontade de gritar nas ruas. Ele esclarece e nos fortalece. Continua e continuará por muitos anos a ser nossa maior referência.
Deixei o final pra comentar sobre o espetáculo que mais esperava ver, "Alô Gari" com Cristhian Mathias do Circo Além da Lona de Campinas, o único que estreava no 8 Festival. Dois dias antes da estreia já sentiamos os efeitos no Cris. Reclamava de um dedo machucad0, de uma perna contundida, de uma possivel rouquidão. Não dormia. Teve crise de sonambulismo quase matando de susto outro companheiro. Pra comer já era dificuldade e em cima da hora tentava resolver problemas com o material de cena. Imaginem só o quadro! Chegou a hora. Entrou em cena, formou a roda (não se formava antes, os grupos é que formavam na hora) foi para o centro e durante 60 minutos, sozinho segurou atenção e se comunicou bem. Claro que ocorreram alguns problemas que logo começaram a ser conversado, porque o CRIS procurava quem tinha assistido pra saber como foi, como poderia ser. Alé conversou com Ray Lima, Com Alexandre Menezes, com o Fidel do Circo V e também conversou um pouquinho comigo e com quase todos que estava lá no 8 festival. No outro dia na comunidade chamada de Chão de Estrelas no Arruda, na mesma praça que 07 dias antes tinham sido mortos 04 pessoas, o GARI voltou a cena, rompeu a roda, pulou os muros, convocou o público que via de longe e outros que estavam em casa vendo novelas e contagiou de alegria aquela comunidade. Ganhou, em menos de 24 horas ritmo, determinação, energia.
Paro por aqui. Vou continuar ainda falando sobre esse marcante 8 festival em outros email quando mais uma vez tiver oportunidade de acessar a net, coisa ainda dificil em algumas cidades que vivemos e na que estou começando a viver. Tem muita coisa pra se dita, pra ser comentada, pra ser discutida. Sabemos e todos sabem das dificuldades que passamos mais podem ficar certos o descaso do poder público gerou em nós uma força enorme e a certeza de que com eles ou sem eles continuaremos fazendo festivais populares e escambo.
Sentimos nessa intensa semana de teatro que esse festival é vivo, resistente e rompe com a visão centralizadora desse estado caótico e doente que investe milhões de reais em grandes eventos internacionais que se transformam em eventos que somem, que não integram e que não circulam por onde estão aqueles e aquelas que não tem acesso nenhum a arte.
No Recife, com apenas promessas de R$ 25.000,00 sendo 15 da prefeitura e 10 do estado e sem a participação da FUNARTE que desconhece um festival que desde 2003 é realizado e que já sediou um encontro da rede brasileira de teatro de rua, não destinou nada, nem o que havia sido acertado verbalmente com os que fazem o festival de recife. Mais um absurdo dessa maquina enferrujada que privilegia, como sempre privilegiou os governantes burgueses do passado fechados em seus supermercados culturais se apresentando para uma elite escolhida a dedo.
Só nos resta continuar perguntando. Pra que serve então um governo que se diz popular???
Esse foi o mote do festival. Os grupos se apresentavam na parte da tarde no Largo do Carmo com uma roda com cerca de 1000 pessoas e a noite na frente das pequenas casas da intensa e descuidada periferia do Recife e sempre o povo perguntava, questionava e reclamava pela quantia tão pequena dos 'DITOS APOIOS" e pela falta de participação do Governo Federal.
Mais as coisas aconteceram numa boa. Nos hospedamos na casa do Alexandre Menezes, um dormindo por cima do outro e cada um fazendo sua parte na limpeza, na alimentação (que teve a participação efetiva de sua mãe) e se articulando e vivendo com o povo da comunidade de Guabiraba. Nenhum frio hotel do centro nos propocionaria uma hospedagem tão quente, tão humana, tão satisfatória.
Os espetáculos são outro capitulo.
o Pédedois de Porto Alegre ABRIU o festival no Largo do Carmo com o fantástico Homem Bomba. Foi uma loucura. O Mauro brincou com o público, fez a roda se movimentar de um canto para outro e o público reagiu interagindo, contribuindo e parabenizando esse maravilhoso artista de rua. Na comunidade junto com a Mari as coisas se repetiram e sairam do Recife deixando saudades e fortalecendo o mais resistente e consistente festival de teatro de rua do Brasil.
O Circo V não necessita de comentário. Continua, cada vez mais afinado, não somente na cena mais também no debate, nas rodas de conversas, na postura revolucionária de um artista de rua.
Não posso falar sobre o grupo de João Pessoa porque não deu prqa assistir. Era gente demais na arena e tive que ceder meu lugar para aqueles que estavam tendo o privilegio de (muitos) pela primeira vez está assistindo a tantos espetáculos de rua.
Os do Escambo cumpriram com a missão. Fuxiqueiro do Ciranduís com quase 300 apresentações tomou conta da roda, mexeu e atiçou o público e assim como Arte e Riso de Umarizal saiu da roda sob aplausos imensos da plateia.
La Trupe desmanchou o Alice e Severino e deu voz e corpo para a criançada e bebado da comunidade que tomaram de conta do espetáculo. Há muito esse povo já sabe que o espetáculo que chega a rua pode não ser o mesmo quando começa. Isso aconteceu e foi o grande barato. Pior ficou pra o VEM CÁ VEM VER, pois após o espetáculo a meninada caiu em cima do Alexandre cobrando a realização de uma oficina de teatro urgente. No proximo festival com certeza teremos mais um grupo da Guabiraba no 9 Festival.
Os grupos do Recife brincaram pra valer. Fizeram a festa popular que sabem fazer. É bom vê-los em cena e ver a presença de tantos mestres populares nas cantigas, nas danças, no gingado. O melhor de tudo porem foi a forma com que nos receberam, abrindo a porta da casa e do coração, nos dedicando uma atenção por tempo integral, além dos abraços e lágrimas na despedida.
O Amir Haddad não nos deixa com palavras suficientes pra falar sobre sua participação. Ele consegue nos envolver com sua magia cigana de rua. Ele fala com carinho aquilo que temos vontade de gritar nas ruas. Ele esclarece e nos fortalece. Continua e continuará por muitos anos a ser nossa maior referência.
Deixei o final pra comentar sobre o espetáculo que mais esperava ver, "Alô Gari" com Cristhian Mathias do Circo Além da Lona de Campinas, o único que estreava no 8 Festival. Dois dias antes da estreia já sentiamos os efeitos no Cris. Reclamava de um dedo machucad0, de uma perna contundida, de uma possivel rouquidão. Não dormia. Teve crise de sonambulismo quase matando de susto outro companheiro. Pra comer já era dificuldade e em cima da hora tentava resolver problemas com o material de cena. Imaginem só o quadro! Chegou a hora. Entrou em cena, formou a roda (não se formava antes, os grupos é que formavam na hora) foi para o centro e durante 60 minutos, sozinho segurou atenção e se comunicou bem. Claro que ocorreram alguns problemas que logo começaram a ser conversado, porque o CRIS procurava quem tinha assistido pra saber como foi, como poderia ser. Alé conversou com Ray Lima, Com Alexandre Menezes, com o Fidel do Circo V e também conversou um pouquinho comigo e com quase todos que estava lá no 8 festival. No outro dia na comunidade chamada de Chão de Estrelas no Arruda, na mesma praça que 07 dias antes tinham sido mortos 04 pessoas, o GARI voltou a cena, rompeu a roda, pulou os muros, convocou o público que via de longe e outros que estavam em casa vendo novelas e contagiou de alegria aquela comunidade. Ganhou, em menos de 24 horas ritmo, determinação, energia.
Paro por aqui. Vou continuar ainda falando sobre esse marcante 8 festival em outros email quando mais uma vez tiver oportunidade de acessar a net, coisa ainda dificil em algumas cidades que vivemos e na que estou começando a viver. Tem muita coisa pra se dita, pra ser comentada, pra ser discutida. Sabemos e todos sabem das dificuldades que passamos mais podem ficar certos o descaso do poder público gerou em nós uma força enorme e a certeza de que com eles ou sem eles continuaremos fazendo festivais populares e escambo.
A minha doidice é tanta
que escorre pela nuca
Quando saiu de mateus
ou vestido de maluca
Não indico pra cargo nome
Seja de mulher ou de homi
Quanto mais do tal do Juca?
Não acredito em nenhum
Apadrianhado de partido
que já assume o poder
com tudo bem dividido
Pras elites dão milhão
pros pobre só dão tostão
o resto da repartido
Vou continuar na rua
com o teatro popular
Falando mal das elites
que não sabem governar
Fazendo teatro pro povo
levando pra ele de novo
a vontade de brincar
que escorre pela nuca
Quando saiu de mateus
ou vestido de maluca
Não indico pra cargo nome
Seja de mulher ou de homi
Quanto mais do tal do Juca?
Não acredito em nenhum
Apadrianhado de partido
que já assume o poder
com tudo bem dividido
Pras elites dão milhão
pros pobre só dão tostão
o resto da repartido
Vou continuar na rua
com o teatro popular
Falando mal das elites
que não sabem governar
Fazendo teatro pro povo
levando pra ele de novo
a vontade de brincar
Junio Santos - Cervantes do Brasil
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