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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Organização do teatro de rua em São Paulo

O teatro de rua brasileiro vive uma efervescência, não só pela consolidação de grupos paradigmáticos, como Tá Na Rua (RJ), o Imbuaça (SE), o Galpão (MG) e Ói Nóis Aqui Traveiz (RS), mas pela revelação de dezenas de outros novos grupos espalhados pelo Brasil, pelos diversos festivais que tem surgido ou que estão abrindo espaço para o teatro de rua, mas principalmente, por sua organização política, seja nos movimentos estaduais (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e São Paulo) ou na Rede Brasileira de Teatro de Rua.

Na cidade de São Paulo a organização iniciou-se em 2001, dando continuidade em 2002 em uma ação cultural de sete grupos que ocuparam bairros paulistanos para desenvolver seus trabalhos, nominando-se Se Essa Rua Fosse Minha. Foram esses passos que desembocou em 2003 na criação do Movimento de Teatro de Rua de São Paulo (MTR/SP).

A organização política foi uma necessidade, já que o poder público, naquele momento, não reconhecia seus fazedores – jovens grupos teatrais com quatro ou cinco anos de existência – que viram como possibilidade de continuidade de seus trabalhos o apóio mútuo e a briga por políticas pública de cultura.

A organização levou os coletivos a realizarem várias ações, dentre as quais a Overdose de Teatro de Rua, uma intensa mostra em forma de ato político. A Overdose ocorre durante horas (as últimas sempre tiveram mais de doze horas de programação), ao mesmo tempo, a cada apresentação, é lida um manifesto ou são feitas as reivindicações. Até o momento foram cinco Overdoses.

Outras ações do MTR/SP foram o lançamento de um informativo (em sua quarta edição), realização de dois grandes seminários e a Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas, em sua terceira edição, a realizar-se de 08 a 14 de novembro de 2008. Nesta edição da Mostra teremos também o Encontro Nacional da Rede Brasileira de Teatro de Rua, nos dias 15 e 16 do mesmo mês.

A Mostra foi uma grande conquista para a cidade de São Paulo, para seus artistas e para o público em geral, pois mesmo sendo uma cidade global, São Paulo não tinha, até então, nada desse nível. As duas últimas edições tiveram a participação de quarenta e um grupos teatrais, atingindo um público de vinte e duas mil pessoas, sendo que a primeira edição contou ainda com um seminário e uma exposição fotográfica das ações anteriores do MTR/SP.

De 2003 até hoje houve um processo de intercâmbio do MTR/SP com outros movimentos situados em outros estados como Bahia, Pernambuco e Ceará, que por sua vez alimentou a criação de dois novos movimentos estaduais, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, desembocando em março de 2008 na criação da Rede Brasileira de Teatro de Rua, presente em dezenove estados. Toda essa organização, bem como as trocas estabelecidas entre os coletivos só tem fortalecido o fazer teatral no espaço aberto, provando a necessidade de políticas públicas que contemplem a pesquisa, a produção e a circulação dos trabalhos criados pelas centenas de grupos brasileiros, integrados na Rede Brasileira de Teatro de Rua e que têm a rua como seu espaço cênico.

Adailtom Alves é ator do Buraco d`Oráculo (São Paulo) é um dos fundadores do MTR/SP. Publicado originalmente em Ruarada, ano 01, número 03, dezembro de 2008, p.3.

Um comentário:

Grupo Teatral Manjericão disse...

Adailton que legal ler este breve histórico. Me fez lembrar o inicio desta década quando o Manjericão encontrou alguns grupos como Tablado Arruar, Circo Navegador e outros q agora não recordo, em festivais pelo país e haviam falado do "se essa rua fosse minha" e falei da importância de criar movimentos de teatro de rua, como o do RS que tinhamos há 10 anos na época, pediram e forneci folders, etc, das mostras e circuitos, não sei se contribuiu, mas vejo que frutos houveram. Que maravilha.
grande abraço.

Márcio Silveira
www.grupoteatralmanjericao.blogspot.com