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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Amazônia em Cena e Rosa dos Ventos


Amazônia em Cena e Rosa dos Ventos.


porrAntônio Sobreira
    Em julho correndo de uma cidade para outra Leo Carnevale (ou Não Vale a Carne que Leu) nos liga em Fernandópolis-SP falando que nossa participação no Amazônia em Cena foi aceita. A felicidade foi atenuada quando olhamos a agenda e estava marcado um aniversário de um parceirão em Tupã-SP. Ligamos para Leo e nos disse que a participação deveria ser integral no evento, sem isso estávamos fora. Então não dava para chegar depois nem sair antes. Resumo é que o camarada entendeu e mudou a data para dia 30 de julho e estouramos de felicidade. O problema era levar seu Zé e Dona Maria, os cenários e figurinos do Saltimbembe e Mamembancos e da Farsa do Advogado Pathelin.

    As soluções eram muitas e cada uma foi caindo por terra. Retirar parte do cenário criaria um imenso problema. Não dava para mandar tudo porque tínhamos espetáculos na mesma semana e teriam que ser usados até a última hora. Esse quebra-cabeça se resolveu de última hora quando Jéssica aceitou ir de ônibus de Prudente até Porto Velho. Ruuuuuuh Uuuuuuhhh! Gritamos, imediatamente pensamos! - Que Robada!!! Ela foi o homem da parada e teve que trocar de ônibus 4 vezes e nós de boa chegamos de avião rapidamente!

    O recebimento foi feito por Lua, Dona Zap Zup e  Braguinha ou Dona Bravinha que infernizamos o máximo que conseguimos, infelizmente não nos receberam com 50 toalhas brancas nem com a comitiva 30 sambistas filhas de Mapinguari! Nada é perfeito! Eles também usam carvão na geladeira e baixaram para R$1,00. Ficamos felizes de comer banana xipis regadas às poesias e teses de Eliseu, mais um consorciado da "Barte" Caverna! Ops!  BatCavern "the best of all Old Port"!

    O primeiro espetáculo nosso foi o Saltimbembe, mas as duas apresentações anteriores já dava uma tonalidade distinta dos trabalhos urbanos que conhecemos. Esses teatreiros da floresta, rieiros e igarapezeiros são doces até quando xingam: - Éeeeeeegua! O público apinhado no teatro Grego já dava a tônica da resposta. Atentos, curiosos e generosos se regozijavam com nossos absurdos cênicos. As crianças queriam devorar nossas pernas de paus, enfim, o chapéu! Que público de arrancar os cabelos, já vão com dinheiro e entendem a tradição do chapéu.

  A Farsa foi um estrondo de recepção, não deixando dúvida de que o público quer mais e mais experiências passando ali. Guilhermina está ainda com alguns os ossinhos cuspidos que esparramou na Ferrovia da Morte. Agora entenderam o nome! Essa mulher é um trem!

    Chicão, eterno amante dos acreanos, atarracado e compacto dava o tom das conversas que íamos ter durante o evento. O Pessoal não distinguia "fora do eixo" de "sem eixo nenhum"! Yara que nos diga o cano que quebrou! Todo esse amigário de pessoas foi se entrecruzando e delineando espetáculo a espetáculo uma assinatura própria e identitária que eu desconhecia do mundo da Amazônia e da cultura do rio. Mesmo os amigos e amigas de cidades super urbanizadas como Belém e Manaus, distantes pela própria natureza, nos riscava com referências particularmente saborosas, com temperos arrochados de nordeste do feijão com coentro com farinha d'água pedruda.

    As palhaças e palhaços são marcados por tradições próprias e bem definidos em suas propostas, as lendas ou roteiros clássicos seguiam a mesma rota de endoidiçamento. Não vou me delongar mais, são apenas impressões, traços na alma e alusões à múltipla região que irmana o fator Amazônico que abrigou o fator oeste paulista que são nossos emparelhamentos urgentes para nos reconhecermos na arte.


    Nunca mais bebo cerveja suja, nem olho para moça de cabelo preto doce!


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