Relato aos amigos da REDE…
Experiência vivida, sentida, doída, pensada, repensada, refletida, modificada, trocada… experiência!
Mais de 300 trabalhadores entram portões adentro neste prédio instituição falida: FUNARTE. Para descobrir aqui as suas próprias crises, medos e fragilidades. Seis dias dormindo, lavando banheiros, cozinhando, conversando, não dormindo na segurança dos portões, respirando coletivamente esse ar de tanta tensão-transformação.
Aprendizados: reconhecer os parceiros, saber com quem lutamos e contra quem lutamos. Lutamos contra este Estado, mesma face deste Mercado, lutamos com todos que não reconhecem a perversidade e força deste sistema e não se empenham com toda sua vida para derrubá-lo.
Em muitas assembléias, debates e encontros formais ou informais construímos e desconstruimos nossos conceitos. Discutimos a revolução, o capital, nosso modo de produção, nosso fazer artístico. Nossa luta que é poética, com mesmo peso e valor da política, porque também é política, mas pela estética, pela poesia, porque esse é nosso corpo e a nossa voz.
Madrugadas e madrugadas de produção riquíssima de debates, diálogos e encontros. Pau e lata do RN, Escambo do Nordeste e do Brasil, parceiros do Sul, de Mato grosso do Sul, do Acre, de Minas, do interior e litoral paulista e de todos os Estados, presentes aqui ou não, se presentificaram em suas moções de apoio, em sua vontade de estar junto, em sua paciência perdida a distância.
Sentimos aqui energia parecida com a de nossos encontros sempre tão produtivos e ricos… No entanto, vemos o quanto as nossas conversas em roda nos encontros da RBTR, mais livres, as maneiras de condução, a diversidade e as diferenças culturais e regionais caberiam muito bem aqui.
Não à toa, nestes seis dias, construímos rapidamente documentos de tanta contundência e de respeito de toda sociedade e de toda categoria. Não à toa mobilizamos tantos jovens ou não jovens. Não à toa PERDEMOS A PACIÊNCIA e estamos aqui! E é preciso estudo, pesquisa, formação política... É fundamental.
Qual modelo? Qual jeito? Qual forma? Que bom nunca ter respostas… Vamos escrevendo nosso caderno de erros, junto!
O mais triste são trabalhadores como nós, que preferem apontar tantas falhas (que claro, existem!) e destruir pequenos atos de resistência como este, que são apenas pontinhas de lança contra esse iceberg sistemamercadoestado que muito mais perverso e inteligente e organizado que nós, não passa por rachas e desavenças internas porque sabe muito bem contra quem luta.
Daqui, vemos que nossos anseios são os mesmos. Que não há diferença entre paulistas e brasileiros, a não ser um maior número de pessoas reunidas por conta do maior histórico de politização que se dá pela maior concentração de verba e de grupos por aqui e principalmente pela lei de fomento, conquista desta mesma categoria aqui reunida e que hoje, por força e luta de companheiros de outros estados, está brotando em outros lugares.
O Prêmio Teatro Brasileiro é pro BRASIL! O descontingenciamento é pro BRASIL! As PECS, os programas e leis de orçamento fixo, são pro BRASIL! Mas nós, ingenuamente ainda mantemos richas internas medíocres e pequenas, desfocando-nos do inimigo imensamente maior que nós.
A idéia que está sendo divulgada de que somos juvenis, de que há um pequeno grupo no comando, de que nos fechamos à sociedade e somos contra o diálogo é uma grande mentira bem construída ou ingenuamente pensada até por parceiros que fazem uma avaliação diminuída do que aqui está sendo construído.
Estamos aqui construindo e desconstruindo, ou, como diria o sr. Keuner: preparando nosso próximo erro! Parceiros da REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA, sentimos aqui uma coisa só. O mesmo grito e o mesmo chapéu! Somos trabalhadores e perdemos a paciência por políticas públicas para todo um país! Os que se contemplam em nossos documentos, cartas, manifestos, juntem-se a nós, para erros e mais erros contra os que acertam muito bem, sem deslize algum!
Núcleo Pavanelli; Grupo Teatral Parlendas; Cia dos Inventivos; Trupe Olho da Rua; Companhia do Miolo; Populacho & Piquenique;
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Natália Siufi
Grupo Teatral Parlendas
(11) 8083-3909
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