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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quando a oportunidade aparece...

É inegável que o ministério da cultura conseguiu se fortalecer e estruturar seus programas durante os oito anos da administração onde o Partido dos Trabalhadores encabeçou o governo federal. Esta marca é uma marca do partido dos trabalhadores. A marca da pluralidade, do debate, dos questionamentos. O governo Lula construiu uma rede de comunicação com vários setores, quebrou paradigmas, inclusive dentro do próprio partido.

Diversos programas criados em administrações petistas são exemplos para o país e para o mundo. Na cidade de São Paulo foram implantadas propostas admiráveis como a LEI DE FOMENTO AO TEATRO, que se seguiu pelo fomento a dança, ao programa VAI que construiu uma rede impressionante de novos talentos e de ações que descentralizaram a cultura na cidade.
A construção dos Centros Educacionais Unificados ( C.E.U ) que modificaram a relação do cidadão com o fazer artístico, implantando em pouquíssimo tempo um aumento de mais de 300% de salas de espetáculos teatrais, salas de dança, bibliotecas, espaços de relação multidisciplinar entre a cultura , educação, esporte.Foi no governo petista de MARTA SUPLICY que o acesso ao conhecimento  do mundo virtual se massificou com a construção expressiva de mais de 130 unidades dos TELECENTROS.

Na esfera federal podemos verificar a dimensão desta expansão, quando nos deparamos com mais de 2.000 pontos de cultura, projeto inovador e revolucionário estudado por muitos países no mundo. Este projeto deu acessibilidade ao mundo tecnológico para os mais distintos cidadãos, além de respeitar a característica original das comunidades envolvidas e impulsionar a autogestão destes projetos.
Foi neste período que podemos acompanhar o crescimento do cinema nacional, com a criação da ANCINE, o crescimento do investimento no setor.
Qualquer cidadão poderá fazer uma vasta pesquisa e ter a certeza que a cultura deste país teve um enorme impulso durante esta década dentro da administração federal.

Este impulso certamente é o responsável pelo momento que vivemos  especial de cobranças... Pois descobrimos que podemos mais com nossa cultura, e assim, podemos e devemos ampliar e discutir novas ações. Cobrar promessas, estudos, programas. Sim, podemos cobrar, pois aprendemos isso com este partido que agora administra nosso governo federal.
Não deve ser nada fácil administrar este governo federal com outros partidos que não tem em sua história a marca do questionamento, da transformação. Por isso, exatamente por este complexo eixo de poder, muitas mudanças são lentas.
Neste momento acompanhamos a ocupação da FUNARTE unidade de São Paulo.

E com um chamado para que todos os artistas ( trabalhadores da cultura ) participem , se interem, conheçam, questionem a demora das resoluções, das promessas feitas de não contingenciamento de verbas.O que me chama atenção neste momento é a forma como algumas entidades resolveram criticar o movimento, anunciando que não apoiam esta ocupação. Com palavras como infantil, ocupação político partidária...

Para esta administração federal é o momento de ouvir sim as reclamações feitas, das cobranças de promessas não cumpridas, e principalmente amadurecer o papel que veio construindo durante estes anos, o de fortalecer as mais diversas frentes do desenvolvimento deste país.

Para as entidades que se posicionam contra o movimento, este momento está sendo realmente político, pois aqui se colocam com suas fragilidades, tentando desarticular o grito de angustia dos que não foram respeitados.

Um grande artista e diretor brasileiro escreve sobre o movimento e seu sentimento de ódio, a forma raivosa das assembléias que ali se constroem e os portões fechados como se formasse um grupo especial de articuladores.É provável que ele tenha razão, ou parte desta razão...pois vivencia a arte nas entranhas e sua trajetória nos mostra que se pode "sambar e criticar".

Só que o samba está sempre em nossa alma, com chuva e com sol. Mas na alma do povo, artista ou não... Não falta samba nem sol.
Mas é dentro dos gabinetes dos ministros do planejamento, casa civil e principalmente a ministra da cultura falta o compromisso com este samba e esta alma de alegria, falta compromisso com as promessas que foram feitas, com as expectativas criadas.

Contingenciar verbas para um ministério que teve seu crescimento nas mãos dos pensadores e trabalhadores, sonhadores e articuladores é um retrocesso inigualável na nossa história. Quando finalmente conseguimos colocar a cultura e sua importância dentro de um foco mais amplo, despenca sobre nossas cabeças a falta de compromisso e de entendimento do que significou esta transformação.

Um ponto de cultura pode empregar os mais diversos profissionais, além de gerar as mais diversas transformações e reestruturações no local onde se instalou.Um edital de fomento ao teatro, a dança, circo, artes visuais etc., poderá ampliar mais ainda a formação do olhar, a geração de renda, o aquecimento da economia e das almas, dos saberes, dos questionamentos, a formação de público (não torça o nariz, ainda precisamos caminhar até as portas dos lares para retirar uma alma da simples contemplação, e sugerir o ato de sentir, refletir, e até ousar em também agir artisticamente, podendo finalmente mostrar o poder de nossa cultura pulsante... verde e amarela, sem demagogias) .

Pois bem, é certo que a paciência se esgotou, a indignação tomou conta dos que acreditaram que a cultura teria o seu lugar de respeito no orçamento da união. Ainda é difícil fazer um parlamentar enxergar a força que vem deste momento... E verificar que aqueles debates sobre cultura e fomento se esvaziam na complacência de um ministério que deveria justamente lutar por ele, ou pelo menos lembrar sempre que o NÃO CONTIGENCIAMENTO DAS VERBAS foi uma promessa da nossa presidenta.

Neste momento de reflexão me pergunto:
Qual a falta de compromisso deste ministério da cultura com estas promessas, fragilizando a imagem de nossa presidenta?
Qual o motivo da não adesão das cooperativas de dança e da cooperativa brasileira de cultura?
Será o fato da cooperativa paulista de teatro ter mais cooperados, e esta é a hora de despolitizar o debate e agregar mais cooperados a suas frentes?Já que muitos não têm a paciência e o entendimento do que é um momento de luta?

Não se unem simplesmente porque acham o movimento infantil ou porque não conseguem levar mais cooperados a uma manifestação como esta do que a CPT?Não será também este momento de hipocrisia, mostrando apoio ao ministério atual, e prestando um desserviço aos que querem fortalecer a luta por mais disposição e incentivo orçamentário, e então apoiando aos que torcem por um enfraquecimento deste atual governo federal?

Oras senhoras e senhores, nossa presidenta tem história de luta e garra, e não me parece que o silêncio dos AUSENTES seja sua predileção.
Ao grande diretor e artista, se eu pudesse, pediria exatamente a paciência para deixar fluir esta energia de impaciência, que foi provocada pela promessa não cumprida.

Aos homens e mulheres que possuem o poder nas mãos neste momento, apenas digo... 
Que é totalmente pertinente este movimento e condizente com a história de transformação que vivemos e com a reconstrução de um ministério que foi encontrado em 2002 aos cacos e desprestigiado. E que este mesmo grupo que ainda em sua maioria administra o governo federal, deu vez e voz...
E exatamente por isso a solicitação de mais ações concretas, respeito e o cumprimento das promessas feitas.

Penha Silva
Produtora cultural e trabalhadora da cultura
Militante petista 
São Paulo, 01 de agosto do ano de todos nós!

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