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segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Chapéu e a arte de rua



O teatro e os artistas que fazem arte de rua têm seu reconhecimento em projetos governamentais, empresas que investem em cultura. Com esse reconhecimento é comum que o teatro de rua seja recebido por instituições que antes davam mais atenção ao teatro de palco.
          O teatro de rua, entretanto, tem uma importante tradição com seu público que é o "passar o chapéu" ao final da apresentação. Esta prática tradicional, cuja documentação histórica remonta ao período medieval, tem sido proibida, coibida ou evitada em alguns desses novos locais de apresentação.
O artista de rua não depende apenas dos projetos e das instituições que os contratam, mas sim da população que é o berço e companheiro de seu trabalho. Nesse sentido, ser coibida a passagem do chapéu tem uma função negativa para a educação do público no que concerne à valorizar a arte apresentada na rua.
Não é apenas uma questão de manter uma tradição por seu charme medieval, mas sim de garantir a auto sustentação da arte e manter uma relação com o público que é fundamental para o reconhecimento desses artistas de rua.
Esse ato tem caráter de defesa de um posicionamento segundo o qual a arte de rua deve viver da rua. Tomada essa posição, significa dizer que esse movimento não pretende migrar para as salas e ambientes tradicionais para as artes cênicas, mas sim, manter seus pilares em sua origem que é chegar sempre em locais que a arte dificilmente consegue chegar.
Esta carta tem o objetivo de orientar artistas e interessados em compreender que "passar o chapéu" é um ato de preservação do teatro e da arte de rua que tem como prioridade as trocas de experiência nos espaços públicos por princípios estéticos, de conteúdo artístico, político e baseados nos direitos humanos universais sobre o acesso aos bens culturais.
Diante do exposto, solicitamos o reconhecimento da legitimidade, do princípio ético e pedagógico contido no ato de passar o chapéu ou outro procedimento que peça de forma espontânea que as pessoas contribuam com a arte de rua, independente da política e de normas institucionais que restrinjam essa prática inerente ao artista de rua.

Antônio Sobreira – grupo Rosa dos Ventos (Presidente Prudente-SP)

Publicado originalmente em A Gargalhada nº 17.


2 comentários:

Unknown disse...

Olá, interessante o seu ponto de vista, acho que fica mais difícil ter essa perspectiva quando a empresa "compra" e "assina" um projeto, em casos como quando a arte é destinada especificamente à uma campanha apesar de ter a autoria de um artista independente. Talvez fosse mais viável em casos apenas de patrocínio, mas de qualquer maneira acho válido esse tipo de questionamento, seria legal se os artistas se organizassem e passassem a solicitar isso nas clausulas contratuais. Daria até para "tombar imaterialmente" essa prática que certamente se enquadraria muito bem como patrimônio histórico cultural.

Gostaria de aproveitar o comentário pra perguntar se você conhece alguma fonte válida que conte de maneira mais detalhada a história do "passar o chapéu" e a origem dela, sou cantora, musicista, compositora e gostaria de incluir parte dessas informações em um dos meus projetos musicais.

Desde já agradeço pela atenção e pelo questionamento pertinente e acolhedor para a classe artística de uma maneira geral.

Aguardo sua resposta.
Rebeca Zen ( Rebeca Marchese )


Meu canal onde compartilho virtualmente um pouquinho do meu trabalho:
https://www.youtube.com/channel/UCNgVJLD0TzoMsVYvEaThhQQ

Pqno disse...

Por favor se souberem para indicar estudos e artistas reconhecidos historicamente que passavam o chapéu.